14 de out. de 2010

do livro comprometida (elizabeth gilbert)

Lembro-me de ver o meu avô enterrar as cinzas da minha avó na fazenda da família, há 25 anos. Era uma noite fria de inverno, em novembro, no norte do estado de Nova York. Nós, os filhos e netos, fomos todos andando atrás do meu avô nas sombras arroxeadas da noite, pelos prados conhecidos, até o ponto arenoso na curva do rio onde ele decidira enterrar os restos da sua mulher. Levava uma lanterna na mão e uma pá no ombro. O chão estava coberto de neve e foi difícil cavar ali, mesmo para um objeto tão pequeno quanto aquela urna, mesmo para um homem tão robusto quanto o vovô Stanley. Mas ele pendurou a lanterna no galho nu de uma árvore e cavou o buraco sem parar - até que acabou. E é assim. Temos alguém por algum tempo e aí essa pessoa se vai.
E isso acontecerá com todos nós, com todos os casais que ficarem juntos com amor; algum dia (se tivermos sorte de passar a vida juntos), um de nós levará a pá e a lanterna para o outro.


Um comentário:

Dona Tatu disse...

nao gosto de pensar nisso :~

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