19 de dez. de 2012

Sobre dança.

‎"A dança é ainda mais marginal para o pensamento que acredita no mundo pelo olhar. A dança sustenta a experiência dela mesma (como coisa no mundo) na base dos sentidos sobre os quais podemos dizer muito pouco. Problema da natureza do dizer diante da natureza dos sentidos. Abismo do pensamento sem dialética, não dançante. A dança talvez possa ser expressa na imagem do cão que corre em torno de si mesmo, mordendo a própria cauda, e a razão a olhar, dizendo: falta de sentido, vazio de sentido."
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"Tais ideias me dão a sensação de que abrimos gavetas secretas. Gavetas que não guardam pensamentos, mas que os produzem, pelo simples fato da abertura. Seria esta a dança?"
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"A dança é o sinal claro de um poder (...) que ultrapassa todos os outros. Se todos pudéssemos dançar, não precisaríamos falar. Só a fala poética seria análoga da ação gerada na dança."
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"A esfera da arte é de tal modo apartada da vida que o reino da estética até parece coisa de metafísica mesmo. Quando tudo vem do real não parece real. Efeito de estranheza inquietante."
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"A dança me parece uma retradução do corpo totalmente corajosa, não porque, nela, limites, dores ou sofrimentos sejam suprimidos, mas porque ali a alegria do corpo (não necessariamente a da alma ou qualquer coisa semelhante) se anuncia invadindo a lógica, os costumes, as convenções, e a dor de existir se torna plena e banal a um só tempo."
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"A dança é um pensamento do corpo."
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Trechos extraídos do livro DIÁLOGO | DANÇA - Correspondências entre Marcia Tiburi e Thereza Rocha.



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